Correntes Filosofia Direito
Autor: Tim • February 13, 2018 • 3,216 Words (13 Pages) • 591 Views
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A ideia chave do positivismo é a separação entre o direito e qualquer tipo de valoração (nada disso é relevante para o direito).
Perspectivas sociológicas: também fazem essa separação. Já não separam, contudo, o contexto social. Fazem até derivar o direito da própria sociedade; o direito são os factos de que a sociedade depende para o seu equilíbrio. É um facto social porque não existe sociedade sem direito.
Máxima jurídica: onde há sociedade, há direito. Esta frase tem uma dimensão sociológica. Onde existem relações sociais, há direito.
Sociedade ≠ Comunidade: em bom rigor, não são sinónimos. «Vive em sociedade e nasce em comunidade». A sociedade supõe uma vontade de associação das pessoas. A comunidade é uma sociedade cuja estrutura não é voluntariamente constituída.
A própria existência de laços entre as pessoas é constituída por regras.
Na sociedade, grupo intencionalmente criado pelas pessoas, as regras existem por vontade das pessoas, isto é, o conteúdo concreto das regras em si é que existe por vontade delas, porque as regras são naturais.
A sociedade está organizada de modo a que as pessoas se possam apropriar de bens independentemente das outras pessoas.
Como vimos, é uma forma de olhar o direito como sendo um facto social. Se se quer alterar o direito, tem que se alterar a estrutura da sociedade. Qual foi a corrente que mais colheu, mais trabalhou, esta visão sociológica do direito? O jus marxismo, o qual definia o direito como o meio para transformar em lei a vontade da classe dominante.
O objetivo do marxismo é acabar com a classe dominante, alterar a estrutura social. Pretende o desaparecimento da classe capitalista; a burguesia é substituída pelo proletariado.
E o que é que acontece, por sua vez, ao direito? Desaparece, pois ele só existe para manter uma estrutura social, neste caso, o poder de uma classe sobre a outra. Há um momento em que o direito deixa de ser necessário, logo não precisa de existir futuramente.
Se o direito desaparece, o estádio que a sociedade conhece é transitório. A sociedade transitória é a sociedade comunista – domínio do proletariado sobre as outras classes. O estádio final corresponde à sociedade socialista – todos vivem de acordo com as suas necessidades e em função das suas possibilidades. Deixando de existir as outras classes, deixa de haver domínio de uma classe sobre as outras.
Visão sociológica marxista do direito – o Homem Novo é o homem socialista, o homem para quem não é necessário o direito. Pode-se acelerar o processo eliminando o Homem Velho. O direito é um facto social, algo que está destinado a desaparecer, uma vez que só existe como instrumento para manter a desigualdade social.
Há uma visão sociológica que já não olha o direito como um vírus. Vê a sociedade como um conjunto de estruturas sociais que pré-existe ao próprio indivíduo. Trata-se de conceitos de natureza social que até podem não ser constituídos por indivíduos, que têm uma natureza sociológica, são seres sociais.
Teorias realistas: conceitos que existem e que o ser humano se limitou a descobrir e a utilizar a seu favor, porque não os criou. «Tu, para mim, só existes porque fazes parte da minha construção mental.»
O ser humano usa um conceito que existe independentemente das suas visões sociológicas; descobriu as regras mas não as criou, não depende dele próprio.
Instituições/estruturas sociais
A sociedade é construída por estruturas das quais os indivíduos fazem parte, mas que têm uma natureza própria, independente da dos indivíduos que lá habitam. O direito é um atributo dessas instituições que existem independentemente de nós.
Esta visão parte da análise da sociedade, daí ser sociológica.
Institucionalismo: desemboca numa visão algo diferente.
Conceção organicista da instituição (Maurice Hauriou): é a ideia de obra ou empresa que vive e perdura juridicamente no meio social, i.e., é uma ideia que permite a agregação no seu todo de vontades individuais e perdura no meio social na sua forma jurídica, se lhe for dade personalidade jurídica.
O sistema jurídico – instituições, coisas, utilizadas pelo ordenamento para reflexão entre si.
«Queriam eliminar o positivismo, não queriam cair no jus naturalismo, que supõe um mundo superior.»
A instituição de natureza mais ampla é o Estado. A sua função não é diferente das funções das restantes instituições.
As pessoas individualmente não são livres de alterar o seu direito porque este existe previamente. Cada uma das instituições vai criar uma ideia relevante nesse ordenamento, porque não se deve sobrepor às outras – há uma função de equilíbrio das diversas instituições.
A sociedade existe porque existem instituições.
Depois da segunda guerra mundial: críticas ao positivismo; pôr em causa a visão positivista restrita.
Institucionalismo alemão e institucionalismo italiano
O Estado movimenta-se como instituição que é, com mais poder. Mas não pode condicionar a legitimidade dos outros elementos porque são instituições como ele.
A vertente alemã do institucionalismo desenvolve uma ideia que estava presente no início da jurisprudência dos conceitos (que vai desembocar no código civil alemão): a pandectista (Savigny).
O espírito do povo é identificado como costume, identidade nacional.
O direito alemão era um direito autónomo baseado nos costumes do povo alemão que criaram uma identidade alemã, fosse lá o que isso fosse.
O direito alemão, vertido nos costumes, devia-se unificar. Mas esses costumes não tinham densidade suficiente, era necessário recorrer a princípios gerais de direito.
O institucionalismo alemão, mais do que uma construção de juristas, é uma construção política, dado o seu sentido político.
Na questão da identidade, os alemães fizeram isso na língua e no próprio direito.
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